domingo, 22 de maio de 2011

Essa saudade tão estranha, tão diferente, parece inchar dentro de meu peito como próprio balão de ar quente, balão assoprado por teu sopro, tua boca, tão desejada e perfeita. A vontade, o anseio que todas minhas células agora gritam, rasgam minha pouca capacidade racional; rasgam como se fosse mais frágil que esta folha de papel; rasgam com suas mãos fortes, mãos reais, substância, carne, suas mãos frias, que me esfriam e que me esquentam e que circundam minha pele; circunferência completa trilhada por seus dedos. Vontade tamanha esta que agora me assombra, me toma, me agarra, vontade que parece não ser preenchida por nada, absolutamente nada, vontade só saciada por teu corpo, teu espírito, teu eu, nada mais. E faltam tantas horas, tantas e tantas, alargadas impiedosamente pela distância; a distância tece as horas, bem... devagar... como se fizesse questão assídua de meu sofrimento, sofrimento este que não pode adentrar-se na casa da tristeza, muito longe passa dela. Mas e a saudade de te ter nos braços, de render-me a teus braços, pernas, peito e pescoço, pés. Quero sua respiração acelerada no meu pescoço, preciso beijar-te no escuro, preciso demorar-me em seu rosto, enquanto também demoras no meu, sem qualquer pudor ou vergonha. Mera redundância. Preciso de você, daquele sorriso, daquele beijo, daquele jeito de olhar e de falar e de tentar arrancar minhas risadas. Preciso de você, ser que se torna cada vez mais impossível de não se desejar. Preciso de um jeito tão real, sincero; uma dependência tão mais madura se comparada à platônica de antes. Mas uma dependência tão louca e contida, tão aberta ao que for, inclusive a este nosso nem tão desconhecido futuro. Me rendo à tudo que somos, a que somos, não ao que os outros vêem, pois tão pouco sabem, tão pouco compreendem. Me entrego aos seus gestos e cheiro - cheiros - olhos, toque, beijo, voz, respiração, frio quente. E não importa quão grande seja esta minha necessidade do todo, tudo, que és; não importa; sei, tenho consciência de que nada é mais importante que a tua felicidade; pois mais importante do que ser amado é, simplesmente, amar.

segunda-feira, 4 de abril de 2011

Carta a algo ou alguém.

Escrevo-te agora como quem entrega-se aos braços da pessoa amada.
Faça com que eu enfrente esse medo diário de ser quem sou. Faça meus olhos serem lavados de alma para engolir o que há em volta. Tenho enorme vontade de você, ser ou coisa desconhecida para qual escrevo. Onde está você com as respostas de minha vida? Não sinto o seu toque, o seu cheiro, o seu sopro apontando as direções que devo tomar. Como o vento que move as folhas, onde está você para levar-me contigo? Saiba, estou com medo. Estou com medo de crescer. Medo do novo. Medo de não saber o que fazer se acordar um dia e encontrar-me perdida, como agora me encontro. Me diga, será que poderei dar-me ao luxo de estar simplesmente cansada de tudo e de todos, sobretudo de mim mesma, esse ser tão inoportuno e invisível? Responda-me ser desconhecido, por que todas essas vontades e loucuras e pensamentos e medidas que são, estranhamente, eu, são, exclusivamente, aqueles que me impulsionam, me levam e me resumem? Onde está você para substituir-me neste papel; papel tão difícil de ser ensaiado? Seria tão mais fácil, desconhecido, se você tomasse todas as minhas decisões; tomasse com seus lábios e fôlego todas as minhas falas... Estou sem vida, sem ar, não respiro; será que você não percebe? Não, por favor, não seja tolo de achar que não sei que não é o fim do mundo; que estou, sim, repleta de vida e que você não pode entrar por meus poros e assumir meu espírito controlando meu corpo com seus cordões internos, adorado ventríloquo. Sei dessas coisas, como sei, mas é por sabê-las que sinto medo. Sou toda uma verdadeira casca rachada, sensível e insegura. É mais fácil, percebe, chamar por você, colocar a culpa em você, por não aparecer para lavar meus olhos com sua alma, por não fazer-me sentir plena de tudo. É mais fácil não ter que enfrentar o meu medo da vida.
Acho que, afinal, só quero uma mão para segurar a minha.
Uma bem verdadeira e consistente, de carne, não uma de vento e perfeição como a sua.

Com certo alívio,
nada.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Ovos.

Estou sempre desejando mudar alguma coisa. Desejando poder acreditar mais, controlar mais, acalmar mais. Ser coisas que não sou. Sempre procurando aquilo que sei que não consigo. De tão cheia, as vezes me acho vazia. Aparento ter tantos sentimentos, tantas emoções que crescem e caem repentinamente, mas, por trás, vejo que sou uma pequena coisa.
Sou uma coisa banhada por hipocrisia.
Minha casca acha nojenta a futilidade, desaprova o "falso amor", chora por causa da "podridão mundana". Mas a clara, a gema, o que já por dentro, é tão podre, tão pobre, quanto todas as outras coisas que julgo. Recheio meus textos com palavras "difíceis"; coisa ridícula de se fazer, pois não sei onde coloca-las de verdade. Sou um ovo podre, querendo ser fresco. Desejando aparentar ser diferente, uma pessoa diferente das outras, que pensa coisas diferentes. Mas a quem estou enganado? O que quero mostrar? Sou só o que se pode esperar de uma pirralha comum, que finge se "importar com a humanidade". Que na verdade, em seu âmago, não está nem ai. Só pensa em si mesma. Está sozinha. É o centro do mundo. Chora por pena da própria "desgraça".
Que não merece viver. Deve ser quebrada e jogada fora
para não ser
ingerida por alguém.

sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Último post do ano.

Nossa.
2010 foi, definitivamente, o ano em que mais aconteceram coisas em minha vida.
Quando estava na oitave série, me falavam que, quando entrasse no primeiro, tudo ia mudar. Mas eu nem acreditei, sabe, haha, besteira pensar assim.
Mas... e agora? As coisas, realmente, mudaram. Não sei se foi por causa da entrada no ensino médio, ou foi só coicidência. Na verdade, acho que isso tudo é meio psicológico, não é? Parece que as pessoas, quando percebem que estão nessa fase, se sentem mais confiantes pra fazer o que querem.
Ou não.
Não sei.
Enfim, esse ano foi difícil. Difícil mesmo. Nos primeiros meses já tive de fazer uma coisa muito complicada. Depois, outra coisa incrivelmente nova aconteceu, que foi, também, muito dolorosa. E 2010, pra mim, se resume em três partes:
1: Tentar esquecer ele
2: Ser amiga dele (:
3: Algo novo com ele...

Enfim. Já deu pra ver que sou meio dependente, e que meu ano se resume nele. Esse blog também, inclusive. Mas ENFIM.
Minhas metas para o ano que vem, ou seja, para amanhã, são:
1: Entrar numa aula de inglês (PORQUE NÉ)
2: Fazer aula de violão
3: Entrar numa academia (pouco provável)
4: Parar DE UMA VEZ de ser tão insegura (menos provável ainda)
5: Parar de depender tanto dele. (haha. De verdade. Vou acabar me ferrando por causa disso)
E é isso aí.
Um feliz ano novo para todos vocês que entram no meu blog podre (:

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Distância

Aquela sacada era boa, era sim. Vista vasta. Milhões de luzes enfeitando o negro tapete de casas lá embaixo. A sacada concedia-me a sensação de poder observar tudo aquilo lá de cima, sobre tudo e todos - exceto os moradores dos andares superiores. E era aquele clima abafado, pesado, combinado com uma certa brisa que arrepiava-me. Me surpreendi, então, com minha capacidade de encontrar lugares, assim, isolados. Lugares como este, que deixavam a simples palavra "distância" ainda mais distante. O sentimento de estar a quilômetros e quilômetros de distância. Naquela sacada, onde meus olhos captavam cada ponto de luz e meu corpo oscilava entre permanecer no sustentável piso branco e voar em direção ao negro céu da 00:18 - ignorando, é claro, as redes de proteção. Era uma distância mais amena que a do passado, de fato, mas, indescutivelmente, diferente. Afinal, havia uma outra alma sentindo sua falta, também. Ou não? Seria possível alguém sentir minha falta? Pensei amargamente na resposta óbvia, negativa. Por que eu tinha de ser alguém tão fraco? Estava desejando, agora, viver dormindo. Aproveitar cada momento que fosse possível para cair no profundo e doce sonho romanceado. Alimentar-me de sonhos. Ora, o futuro mais parecia-me o passado, de tão turvo. Ou podia igualar-se à enorme mancha inabitada em minha frente, antítese da imensa quantidade de pontinhos luminosos. Ambos misteriosos, intrigantes. Minha mente estava claramente confusa. Voltei a me afogar no peso que a distância causava em meus ombros. A vontade de realizar todas as minhas outras vontades agora batia-me na face, balde de água gelada. Esfregar sua pele clara, com a minha escura. Passar a mão naqueles cabelos e perder-me nos olhos doces e rígidos. Minha vontade era de gritar que estava aqui, pensando nele. Quem sabe ouvisse? Aquela sacada concedia-me a sensação de estar sobre tudo, quase fazia-me voar. O que eram alguns quilômetros de distância?

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Ponto de ônibus

Silêncio.
Silêncio.
Beijo. Abraço, forte.
Despedida.
Distância.

Felicidade

Engraçado o rumo que a vida leva. Uma hora você está desolado, cuspido no canto do inferno pacífico que é a solidão; Noutra, está a saltitar com leveza por aí, o coração também aos pulos. E é tão mais fácil descrever a tristeza, não é mesmo? Parece que há cada segundo sua alma anseia pelo encontro das palavras. Chuveiro de sentimentos, é a caneta, o lápis, que se segura. E tudo é transbordado. Água. Seca. No papel. Sofrimento, anseio, dor, desamor. Tudo desabando nas linhas. Não importa de que jeito. Aquele cheio de analogias. O direto, frio. O pesado, cheio de sangue, cigarro e morte. E tem gente que sente falta. Que quando se atreve a salpicar a pontinha do dedo no imenso mar da felicidade, recua. Tão insano ser feliz nos dias de hoje. Tão... inapropriado. Quem somos para sentir o sorriso arranhando nossa face, exibindo nossos dentes amarelos? Somos o que somos. Somos pedaços de carne. Bem projetados, projetados com perfeição, ouso dizer. Perfeitos imperfeitos. Mas não esqueçamos o foco: a felicidade. Por Deus, palavra complicada. Tão... ameaçadora. Parece gritar a plenos pulmões, exibindo suas imensas garras, prestes a engolfar-te. A engolir-te. É, sim, ela nos digere rápido. Uma coisa tão nova - para aqueles que tanto sofreram - que assusta. Ela é confusa. Ela é ardente, cheia de fogo. Nos deixa provar a esperança. Excelente. Por que é que todo mundo quer um pouco de felicidade? Ela não é um produto a ser comprado! Ela não é o perfume da propaganda, não é a bunda bem exposta da menina da esquina, não é encher a cara em um sábado a noite e contar pra todo mundo o que fez, não é sair com um cara famoso, não é dar um tiro nos sentimentos da sua mãe pra ela deixar de pegar no seu pé. Não vou lhes contar o que é a felicidade. Não considero necessário e não tenho presunção suficiente para dizer que sei seu significado.
Se você nunca a sentiu, respire. E olhe ao redor.